Pesquisar

Páginas

domingo, 3 de março de 2013

LITERATURA E CINEMA

 
É muito comum haver adaptações de obras literárias ao cinema. E é inevitável as pessoas compararem o livro e o filme. O mais frequente é quando estamos perante o filme e falamos da relação deste com o livro, porque esse é o padrão habitual, um livro adaptado para o cinema. O contrário  é mais raro. Muitas vezes ouvimos opiniões de pessoas, que dizem que o filme "não é fiel" ou que esperavam uma coisa e encontraram outra, "gostei mais do livro", enquanto que  outras garantem  o contrário.
Este desajustamento, deriva do facto de estarmos perante duas linguagens diferentes, que precisam de ser "traduzidas" uma para a outra.O romancista tem como  única expressão, os símbolos verbais, sendo o pensamento uma espécie de processador  que transforma as palavras e frases em  efeitos sensoriais, impressões de espaço e tempo, aparência visual, cor e luz. Já o cineasta, para além dos símbolos escritos, que usa em títulos e legendas e da expressão oral, necessária nos diálogos, tem ao seu dispôr meios de expressão adicionais, de tipo directo, como a imagem e o som.
Existem muitas formas de adaptação, mais ou menos "fieis", mas é preciso perceber, que tal como em duas línguas diferentes, o processo de "tradução", nem sempre é linear e entra aqui a arte do argumentista/cineasta/actor, tal como nas traduções entre livros de línguas diferentes, em que há boas e más traduções.
Em princípio, é mais fácil haver "fidelidade" nas descrições de entidades físicas ou de ações dos personagens. Mais difícil é "traduzir/adaptar" os pensamentos e emoções dos personagens, sobretudo aquilo que as personagens sentem de mais complexo, elusivo ou ambíguo,  podendo ter uma correspondência inesperada nas imagens do filme, não só por causa do argumento, como também da direção e do trabalho dos actores.
Portanto, embora seja "normal", comparar " A vida de Pi", livro de Yann Martel, com "A vida de Pi", filme de Ang Lee, é preciso perceber que se tratam de duas formas distintas de comunicar ideias e emoções, e como na mesma história contada em línguas diferentes, soam necessáriamente de forma diferente...

Sem comentários:

Enviar um comentário