ESTILO E SUBSTÂNCIA
FICHA
Título: A vida de Pi (original em inglês: "Life of Pi")
Autor: Yann Martel
Ano: 2001
Editora: Editorial Presença
Número de páginas: 328
Vencedor do "Man Booker Prize, 2002"
Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura
8º Ano de escolaridade
Leitura orientada na Sala de Aula - Grau de dificuldade II
8º Ano de escolaridade
Leitura orientada na Sala de Aula - Grau de dificuldade II
Filho do administrador do jardim zoológico de Pondicherry, na Índia, Pi Patel possui um conhecimento enciclopédico sobre animais e uma visão da vida muito peculiar. Quando Pi tem dezasseis anos, a família emigra para a América do Norte num navio cargueiro juntamente com os habitantes do zoo. Porém, o navio afunda-se e Pi vê-se na imensidão do Pacífico, a bordo de um salva-vidas, acompanhado de uma hiena, um orangotango, uma zebra ferida e um tigre de Bengala. (in FNAC)
CRÍTICA
Li este livro, práticamente de um só fôlego e isso diz muito da minha impressão sobre ele.
Bem sei, que o facto de ter prevista uma visualização imediata do filme de Ang Lee, também pesou na gulodice com que devorei as mais de 300 páginas.
Começo por fazer um reparo sobre a inspiração do autor, que fez uma ponte transatlântica e temporal entre Portugal de 1939 - o local e o tempo do seu abortado romance original - e o Brasil dos anos 70-80, onde foi beber o suco literário essencial ao livro de Moacyr Scliar, "Max e os felinos" (1981), a quem agradece no prefácio, " a centelha de vida", mas não dá pormenores de tal descoberta, o que pode ser considerado no mínimo deselegante. Nesse romance, o médico e escritor gaúcho, recentemente falecido, foca-se em questões políticas da ditadura brasileira, mas o facto, é que nessa história há um jovem à deriva no pacífico com felinos a bordo...
No entanto, parece que essa é a única semelhança (a tal centelha) entre as duas histórias e não se pode falar própriamente de um plágio formal, muito menos na narrativa e no estilo.
Voltando ao livro de Martel, a sua estrutura literária é uma mistura de géneros, com um peso maioritário do livro de aventuras, tipo "easy reading", com vectores de realismo fantástico e reminiscências da fábula.
O ritmo é ágil e vigoroso, as palavras ricas, certeiras e fortes, captando-se com elas, fácilmente, toda a pléiade de visões, emoções e ideias do romance.Bem escolhido para os jovens lerem e estudarem na escola.
Na primeira parte do livro, prefigura-se a premissa ou desafio da existência de Deus e desenha-se a cosmogonia essencial, centrada no Zoo de Pondicherry e na relação do homem com os animais e com o divino, preparando o núcleo da narrativa para a aventura do pacífico e a deriva existencial que daí resulta. Por fim, a revelação alternativa, na terceira parte, com uma moral implícita ao estilo da fábula e deixando para o leitor a tarefa de completar o quadro.
Um livro, que é apenas "mainstream", pela visibilidade mediática que granjeou em virtude da adaptação de Hollywood ("diz-me com quem andas...") e isso juntamente com o Prémio booker (um prémio desses é olhado como um Oscar), serviu para atiçar a guarda "alternativa", que logo lhe reservou um rancoroso desdém.
Nota:***
Nota:***
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