Um olhar distraído, sobre um clássico
FICHA
Título: Hitchcock
Ano: 2012
Origem: EUA
Linguagem: Inglês
Duração: 98 minutos
Género: Biografia, Drama.
Argumento: John J. McLaughlin, baseado no livro de Stephen Rebello "Alfred Hitchcock and the making of Psycho", de 1990.
Realização: Sacha Gervasi
Intérpretes: Anthony Hopkins, Helen Mirren, Scarlett Johansson, James D'Arcy, Jessica Biel, Danny Huston.
SINOPSE
SINOPSE
Corre o ano de 1959 e Alfred Hitchcok e sua mulher, a argumentista, Alma Reville, enfrentam resistências dos estúdios de Hollywood ao seu trabalho criativo e alguma pressão para a reforma do realizador. Hitch, decide recuperar o fulgor de outrora e adaptar o livro de terror "Psycho", mas para isso tem de ser ele a financiar o filme, hipotecando a casa. É um tempo de risco e muita pressão que afecta a relação do realizador com Alma.
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CRÍTICA
Será que um making of de um filme, é como uma anedota explicada e por isso sem graça, como sugeriu, a propósito deste filme, um crítico ?
Não necessáriamente...depende do peso do filme-objecto e da audácia e substância do making of.
Neste caso concreto não se trata de um verdadeiro making of, habitualmente uma extensão ou extra do filme original, feito por alguém da equipa, mas sim de um filme simulacro de um making of, tendo por base um livro de alguém que supostamente teve acesso a informações em relação ao modo como foi rodado o filme Psico. Logo à partida, há portanto, uma certa desonestidade intelectual, de quem trata este filme meramente como um making of e de forma quase pavloviana, usa o preconceito ridiculo da anedota explicada, como locomotiva de razões para depreciar o filme e lhe negar inclusivé o direito a um certo enredo marginal à construção do filme Psico. Se isto não é uma crítica totalitária, digna de um III Reich, anda lá perto...
A questão aqui é saber se é interessante ver a filmagem de Psico por outros angulos e ver até que ponto é fascinante ver actores a fazer de actores, ou seja uma representação da representação. E depois, não é possível "explicar" uma cena e este filme não teve tamanha pretensão. A cena da preparação da morte no duche é o exemplo mais evidente, de que este é também um outro filme, para além do filme a que se reporta e merece ser visto como tal. Mas paradoxalmente, para este filme ser considerado autónomo, ter a carta de alforria, é preciso ter presente o Psico original e parece que esse é o problema de muitos analistas...Esta cena é de facto, como no Psico original, uma das chaves deste filme, na medida em que o medo ensaiado da Scarlett, que faz de Janett que faz de Marion, só é o autêntico medo, quando se quebra esta cadeia de representação, quando o medo diferido e virtual passa a actual e real, ou seja, passa vivo e inteiro para a tela.
Já quanto à pertinência do enredo marginal ao making of de Psico ( já vimos que não é) é de admitir então para muitos pensantes, que o Sr. Hitchcock, fez o Psico sem levar os seus fantasmas, fobias, paranoias e obsessões para o set e que isso não influenciou nada a construção do filme. Seria muito melhor a comédia e o toque de assédio sórdido às loiras actrizes, para apimentar a coisa, alvitram uns, ou que é descabido e de mau gosto o convívio mental com o proto Norman, acrescentam outros, ou ainda que é dada demasiada importância à mulher Alma, argumentam uns e outros.
Apesar da defesa que faço do filme, de uma certa irracionalidade delirante e preconceituosa, não deixo de salientar que a união entre as pontas soltas é o maior calcanhar de Aquiles deste filme. Seria interessante fazer a representação do medo, que é o tema forte de "Psico", como uma corrente que circulasse entre todas as pontas da narrativa e isso só é parcialmente conseguido, resultando um olhar algo distraído sobre as grandes obsessões do "grande mestre do Suspense".
Nota: ***
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