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domingo, 24 de março de 2013

☑ A LISTA DE SCHINDLER, de Steven Spielberg

 
Na lista dos inesquecíveis
 


FICHA
Título: A Lista de Schindler ( original em inglês: "Schindler´s list")
Ano: 1993
Origem: EUA
Linguagem: Inglês
Duração: 195 minutos
Género: Drama, Biografia, História, Guerra
Argumento: Steven Zaillian, baseado no livro de Thomas Keneally "Schindler's Ark", de 1982(baseado por sua vez no relato de um judeu sobrevivente: Poldek Pfefferberg).
Realização: Steven Spielberg
Intérpretes: Liam Neeson, Ben Kingsley, Ralph Fiennes
 
SINOPSE
Oskar Schindler, um industrial alemão, não era própriamente uma boa pessoa, quando se moveu para Cracóvia, durante a II guerra, a fim de ganhar dinheiro com a mão de obra barata dos Judeus e com o contrabando. No entanto, o confronto com a barbaridade do Nazismo a que pertencia, despertou nele um surpreendente senso de humanidade, que o fez gastar todas as suas energias e dinheiro para salvar um grande número de Judeus.
 
TRAILER 
  


CRÍTICA
Filmes que abordam temáticas fortemente emotivas, como o holocausto nazi, ou o terrorismo, que embora sejam  obras de ficção, invariávelmente têm por base reconhecidos factos históricos  e que por outro lado, pela enorme violência física e emocional inerente aos  assuntos que abordam, concitam o consenso do mundo civilizado, são de análise objectiva muito problemática.
Este filme é um bom exemplo, desta dificuldade, e  decerto o seu "ranking" popular, não deixa de reflectir essa dualidade, não se sabendo ao certo onde começa o mérito cinematográfico e acaba o unanimismo sentimental que o impregna.
Certamente que não haverá uma pessoa normal, que não fique tocada, com a avalanche de injustiça, maldade e desprezo absoluto pela vida humana, que é a tónica dominante deste filme e por outro lado que não se identifique e anime com a justiça, a bondade e a defesa da vida, que é tomada em mãos por um só homem, no meio da barbárie dominante. Poder-se-á dizer que o filme é sobre essa luta, quase sempre desigual e solitária, onde o lema é "salvar uma vida é salvar o mundo inteiro".
De certa forma, o filme arriscava-se a ficar  refém desta  premissa maniqueista e redutora da luta entre o bem e o mal, não fora o desenho mais cuidado e realista das personagens, sobretudo  da de Schindler (Liam Neeson), que nos é apresentado no início como um homem vaidoso, ganancioso e mulherengo, traindo repetidamente a mulher e que não hesitou em servir-se do trabalho "escravo" dos judeus. Mesmo, a sua posterior "conversão" interior, não o transformou num anjo, uma vez que foi pactuando pragmática e friamente com o regime, pois só assim poderia levar avante o seu desígnio.
Amon Goeth (Ralph Fiennes), por outro lado, não é o estereótipo do oficial Nazi, fortemente ideologizado e  "que cumpre ordens". Na verdade, ele apresenta-se como o poder absoluto, que não depende de ordens, mas apenas da sua vontade e humores. A este respeito, curiosa é a sua conversa com Schindler sobre poder e perdão e como tentou sem êxito, usar o perdão como instrumento de poder.
Em suma, estas duas personagens, encarnam as duas faces do poder, uma a nivel material, a outra de âmbito espiritual.
Mérito de Spielberg, em intercalar   esta história de poder, entre as muitas histórias dramáticas de impotência deste filme.
 
A fotografia a preto e branco, procura provocar o necessário afastamento e enquadramento histórico. A introdução furtiva de cor nalgumas personagens e objectos, não são meras pinceladas artísticas, e pretendem  acentuar a unidade narrativa, por exemplo no caso da menina de vestido vermelho, que é vista por Schlinder    caminhando ao acaso entre a matança e mais tarde, é fácilmente identificada morta num monte de cadáveres, como se tivéssemos seguido uma personagem numa mini-narrativa à parte.
Por fim, um  sóbrio equilíbrio da luz e da sombra, confere autenticidade  ao  curso dramático do filme.
Grandes desempenhos de Ralph Fiennes e de Liam Neeson. E uma palavra de apreço por Spielberg, que filmando com o coração, teve neste filme um justo reconhecimento. 
Em suma, um filme que consegue sobreviver a si mesmo, na medida em que proporciona muito mais do que a catarse emocional que desencadeia.
E por tudo isso, é um filme nada fácil de esquecer.

Nota:****

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