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domingo, 17 de março de 2013

☑ PSICO, de Alfred Hitchcock

Um verdadeiro clássico redescoberto

FICHA
Título: Psico (original: "Psycho")
Ano: 1960
Origem: EUA
Duração: 109 minutos
Género: Suspense, Terror.
Argumento: Joseph Stefano, baseado no livro de Robert Bloch, "Psycho", de 1959, por sua vez baseado na história verídica de Ed Gein, o assassino do Wisconsin.
Realização: Alfred Hitchcock
Intérpretes: Anthony Perkins, Janet Leight, Vera Miles.
SINOPSE
Marion Crane (Janet Leight), é uma jovem escriturária de Phoenix, que um dia rouba 40.000 USD de um cliente do escritório e foge ao encontro do seu amante. No caminho, tem que pernoitar num isolado motel, administrado por um jovem, subjugado por sua mãe dominadora...

TRAILER

CRÍTICA
Numa célebre entrevista a François Truffaut, Hitchcock disse que o que fez a diferença em Psicho,  não foi as audiências serem  servidas por grandes performances ou por um roteiro particularmente aterrorizante, mas sim a experiência de puro cinema, que irrompeu do filme e as despertou.  
Foram os espectadores que foram "dirigidos" por Hitchcock, "que jogou com eles", como ele admitiu, nessa entrevista.
O processo de construção das personagens é um aspecto crucial em Psycho. A personagem Marion Crane, por exemplo, que começa o filme na posição de protagonista, é desenhada como a mulher que embora cometa um crime, fá-lo em circunstâncias que nós espectadores tendemos  a compreender e de certa forma até, a considerá-la inocente, uma característica comum a muitas personagens dos filmes de Hitchcock.
Com a chegada de Marion ao motel de Bates, o filme entra noutra fase, que demonstra todo o génio de Hitchcock,  a da "relação" entre Marion e Norman, que rápidamente desemboca num dos climax da narrativa, a celebérrima cena da morte de Marion no duche e a subsequente ocultação das provas do crime, desaparecendo a protagonista com apenas um terço do filme e assumindo-se então Norman como o protagonista !

Nesta fase, até ao segundo clímax, quase no final,  a personagem de Norman e a complexidade patológica da relação com a mãe é nos revelada, com todo o seu cortejo de horror. 
Hitchcock trata-nos como verdadeiros espreitas, que pelo buraco da parede do hall do motel e pela janela da sinistra casa dos Bates,  assistimos  a tudo petrificados.
Mas os nossos olhos são filtrados pela mestria de Hitchcock em decompor  e  reconstruir o real, como na célebre cena da morte no chuveiro, onde a tensão erótica, de um corpo de mulher nua mas oculto no resguardo do chuveiro,  resvala para a experiência definitiva do  pânico mais visceral e nessa cena não se vê nudez nem golpes no corpo, nem sangue vivo a jorrar como nos filmes de terror contemporâneos, apenas a mistura de água e sangue, escoando  a preto e branco, no vazio da banheira. E claro, os olhos  esbugalhados  de Marion, fitando a morte.
Este é um filme prodigioso e intemporal sobre os nossos medos mais profundos. E uma experiência de puro cinema, como bem lembra o seu autor.
Nota: *****

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