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domingo, 20 de outubro de 2013

☑ A PARTE DOS ANJOS, de Ken Loach

Oportunidade e redenção

"The Angels' Share" - Título original em inglês.
"A parte dos anjos" - Portugal & Brasil.
Origem: UK, França, Bélgica & Itália.
Realização: Ken Loach.
Com: Paul Brannigan, John Henshaw, Roger Allam, Siobhan Reilly, Gary Maitland & William Ruane.
Argumento: Paul Laverty.
Cinematografia: Robbie Ryan.
Direção musical: George Fenton. A banda sonora inclui o hit "I´m Gonna Be (500 Miles), by The Proclaimers.
Comédia. Drama. Crime. 101 minutos. Cor.
Prémio especial do Júri do Festival de Cannes - 2102.
Sinopse:
A história passa-se nos dias de hoje em Glasgow e segue o trajeto de cinco jovens  julgados por pequenos crimes, que são condenados a trabalho comunitário. Robbie, o mais carismático e esperto do grupo, com uma história de violência, drogas e álcool, sente o desejo de mudar agora que é pai, mas confirma diariamente como é difícil abandonar o mundo do crime, como o pai e os irmãos da namorada, lhe lembram constantemente, querendo vê-lo bem longe da sua família. Robbie estava longe de pensar que continuar a beber e a roubar e com uma pequena ajuda dos anjos, constituiria a oportunidade de redenção e do início de uma nova vida.
                                                     
Ken Loach continua um militante activo do Trotskismo e defensor da IV Internacional, contra todos os ventos e marés, mas o inconformismo e o realismo mais impertigados, que marcaram o cinema britânico, nestas quatro épocas de carreira do realizador, já não são o que eram. Claro que os temas da pobreza e da injustiça, da desigualdade social e da exploração capitalista, lá acabam por aparecer mas mais timidamente, revestidos com nuances de  desenraizamento e delinquência urbana. E para este dinossauro que não rejeita a etiqueta de  "realismo social britânico", com que se carimba os seus filmes, apesar das novas vestes de benevolência cinematográfica, o lema continua a ser "lutar, amar e sobreviver".
Este filme é interessante como mostra acurada  de uma corrente de violência, mas não se detém a analisar as suas causas e muito menos a adiantar soluções. É um Loach socialmente cínico, com costela homeopática, que sugere curar os males com o próprio veneno. Mas o optimismo final, expresso naquele happy-end moralista, acaba por ser forçado e uma nota dissonante no cinema interventivo do autor.
Pelo meio sobressai a ironia   de um argumento,  muito por mérito do whisky e da sua espiritualidade,  que tornam o filme agradável de se ver mas com um  cheiro e paladar que se reconhecem como de uma colheita mediana. 

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