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sábado, 26 de outubro de 2013

☑ ESQUECIDO, de Joseph Kosinski

Esquecimento em curso
 
"Oblivion" - Título original em inglês.
"Esquecido" - Título em Portugal.
Origem: EUA. Ano: 2013.
Realização: Joseph Kosinski.
Argumento: Karl Gajdusek, Michael Arnd e Joseph Kosinski (Novela gráfica).
Com: Tom Cruise, Morgan Freeman, Olga Kurylenko e Andrea Riseborough.
Cinematografia: Claudio Miranda.
Género: Ação, sci-fi.
Sinopse
Num cenário pós-apocalíptico, resultado de uma guerra galáctica, a terra está devastada e em grande parte inabitável devido à radioactividade, encontrando-se o  remanescente da humanidade, presumivelmente numa lua de Júpiter, para onde é "sugada", por espectaculares meios tecnológicos a água do mar e outros recursos terrestres. Jack é um mecânico futurista, que com a sua colega Victoria, vivem numa estação espacial, que trata da logística desse procedimento de extração de recursos, cabendo-lhe a ele a específica função de controlar e reparar os drones, ou seja as máquinas voadoras armadas, que patrulham a terra e a livram de aparentes "Aliens" remanescentes, chamados sugestivamente "necrófagos", que vivem em catacumbas e que se opõem ao processo. Tanto Jack, como Victória e todos os humanos sobreviventes foram "desmemoriados", pela "Missão de controle", que governa tudo isto desde a "sede",  por supostas boas razões, para esquecer o pesadelo terrestre. Mas episódicas lembranças de uma mulher desconhecida persistem na cabeça de Jack, que além disso, com a missão a terminar, desenvolve uma estranha nostalgia pelas coisas da velha Terra e uma indecisão e mesmo renitência em a abandonar. Uma estranha descoberta - Uma mulher crio preservada numa nave encontrada despenhada na terra e a surpresa de verificar  que  a suposta organização de "Aliens terrestres", corresponde na realidade a um grupo de humanos, que alertam por sua vez Jack para outros aspectos técnicos da sua missão que ele desconhecia, levam-no a questionar-se sobre a natureza da sua missão e da veracidade de tudo o que  sabe.

 
Temos aqui um "Blockbuster", com caras conhecidas e deixando de lado os habituais preconceitos,  que enfermam do carácter pejorativo do rótulo e da oposição intelectualmente desonesta ao  cinema dito independente ou alternativo, discussão que tende a reduzir este tipo de filmes ditos "comerciais" a mero lixo, discutamos o que interessa: cinema e ideias. 
O argumento assenta muito no conceito de realidade e na função modeladora  que a memória nela exerce, num complexo jogo  de aparências e de essências, que trocam de papeis, num ponto culminante da narrativa, através do habitual "twist". Até aqui nada de novo. Aliás muitos outros filmes, têm idênticos desenvolvimentos, vindo-nos à memória:" Vanila Sky"/"Abre los ojos", "Desafio total", "O dia da independência" e  "O outro lado da lua", em que o expectador, identificado com um ou vários personagens, mergulha numa realidade sensível, que se vem a revelar alternativa ou ilusória.
Quanto à forma, que neste tipo de filmes é o que sobressai e que tenta relevar do conceito de espetacularidade, também não abunda a originalidade, evocando-nos a cada passo, outros universos visuais, que tornam penosa e entediante qualquer comparação, a começar pelo despautério de se lhe equiparar, seja sobre que pretexto for, o inspirado e mítico "2001- Odisseia no espaço" , que é como comparar  lata com ouro.
Os múltiplos clichés visuais que se sucedem numa lógica de submissão aos superiores interesses do entretenimento, passam ainda por cabotinas representações por parte de atores consagrados de Hollywood, que para além do mais, pela enésima vez, encarnam o herói americano salvador do mundo. Se o personagem de Tom Cruise ainda tem alguma complexidade psicológica, o de Morgan Freeman é meramente caricatural e unidimensional, infelizmente um traço da carreira deste dotado ator, cujo último trabalho decente talvez remonte ao longínquo "Tempo de glória" de 1989.
Então o que se safa neste filme ? Curiosamente para além de alguma nostalgia ecológica, que perpassa razoavelmente coerente em sugestivas imagens, ressalvo o impossivel triângulo amoroso, entre Jack, Victoria e Julia,  que lança uma inesperada ambivalência e profundidade emocional no enredo.
 

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