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sábado, 9 de fevereiro de 2013

THE MASTER - O MENTOR

 
FICHA
Título: The master - O Mentor (Original : The master)
Origem: EUA
Ano: 2012
Duração: 144 minutos
Género: Drama
Realização e argumento: Paul Thomas Anderson
Intérpretes: Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams
 
SINOPSE
Um marine veterano, regressa à Califórnia, depois da II guerra mundial. Ele é um alcoólico psicologicamente perturbado, que enfrenta problemas de adaptação à nova realidade americana do pós-guerra, até que é apanhado nas malhas da "Causa" e do seu carismático lider.
 
TRAILER
CRÍTICA
Esta apreciação sobre o filme "O mentor", vem na sequência das considerações anteriores sobre "públicos".
E isto porquê ? Porque parece-me que este é o tipo de filme para um público mais restrito, fundamentalmente amantes e conhecedores de cinema, ou seja "especialistas" e alguns "médios" . Os "básicos", é que estão mesmo fora de questão, como iremos ver…
Mas há questões prévias, que eu gostaria de colocar: Quando se diz "gosto" de um filme, isso traduz sempre uma adesão positiva à temática ou narrativa do filme ou alguma empatia por um ou outro personagem, ou é possível "gostar" de um filme sem sentir nada disso, ou até o oposto, em virtude de se considerar que tal obra possa ser, apesar do impacto emocional negativo, uma referência importante em termos intelectuais ou estéticos ?
Será que todas as temáticas depressivas , visões pessimistas sem redenção possível e fins desesperados ou se quisermos realistas, estão condenados a ser emblemas de filmes a evitar em detrimento daqueles com abordagens positivas, mensagens alegres e otimistas e fins felizes ? Poder-se-á simplesmente dizer que um bom ou mau filme, poderá ter um pouco de tudo isto, dependente da presença ou ausência daquele toque de Midas que faz o ouro luzir ?
Outra coisa que eu acho difícil para nós público "médio" é falar de um filme. Não de contar a "história" se a tiver, porque isso, até um básico faz, mas sim falar dos temas tratados no filme. E este filme é sobre quê ?
-O conflito entre a dimensão individual e a tentação da coletivização. Por um lado, o individuo, fragilizado pelos traumas da guerra, pelo amor perdido e pelo futuro incerto, com necessidades únicas. E por outro lado,   a "causa" aglutinadora e normalizadora, que reduz a pessoa a uma peça anónima da máquina, com uma função a cumprir.
Ou se quisermos, a tensão existencial entre a solidão individual e a guarda protetora do grupo e seu líder, cumprindo os pressupostos de uma organização política e religiosa, ao fim e ao cabo uma metáfora da América. E isto não surge por acaso, uma vez que  o argumento é parcialmente inspirado pela personagem de L. Ron Hubbard, o fundador da Cientologia. Os métodos descritos no seu livro "Dianética" , encontram paralelo perfeito nas perguntas marteladas repetitivamente pelo lider da "causa"- Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman).
Mas P.T. Anderson foge subtilmente à polémica, que adviria de ser um filme exclusivamente sobre a Cientologia, introduzindo a figura central de um "discípulo marginal" Freddie Quell (Joaquin Phoenix), que foi inspirado nas "Memórias de John Steinbeck", as aventuras de um marinheiro vagabundo dos mares e da costa da Califórnia.
Paul Thomas Anderson é um cineasta que não gosta de dar respostas nem de deixar mensagens nos seus filmes. São obras de um autor cerebral, que exige do público um trabalho pessoal de preencher os espaços em branco, sendo essa  uma das marcas do seu enorme talento.
O Mentor não é um filme imediatamente agradável, e tende até a parecer aqui e ali algo enfadonho, não suscitando, as suas personagens, grande empatia. Mas é um filme que dá que pensar pela actualidade dos conflitos existenciais que revela.
Nota: ***

1 comentário:

  1. Quando nos dispomos a ver um filme, não é indiferente a tónica emocional do filme. Os americanos etiquetam um filme como moody ou gloomy, se predominam as situações e caracteres depressivos e se o tom geral do filme é triste e lento.O publico em geral prefere fimes com "optimistic mood", ou "boa onda". É natural...até a arte tende a ner normalizada pelo gosto médio.

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