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domingo, 3 de fevereiro de 2013

EM DEFESA DE DJANGO



De forma simples e directa : gostei !
Em relação à respeitável opinião do Farol de Leça, há coisas com as quais concordo:

O filme como um espectáculo, enquadrado num género - o Western - com todos os seus estereótipos: bons contra maus e um final feliz, com os heróis cavalgando para o pôr do sol. E tudo isto apresentado numa estética, muito própria do sub-género Western Spaghetti, onde tem importância a música, os cenários, as poses teatrais dos personagens e um estilo muito peculiar de filmar. E não esquecendo o argumento que inclui geralmente histórias de vingança, com extrema violência.
Também concordo, que o filme aborda um tema caro às consciências , a escravatura e que isso pesa na avaliação.
Agora, o desacordo:
É óbvio que, de um filme, tal como um livro ou outra coisa qualquer, gosta-se ou não.
É uma experiência pessoal e só parcialmente partilhável. Um filme interpela não só a inteligência, como também as emoções e os sentidos da pessoa. Uma personagem de quem gostamos, a cheirar uma flôr, pode invocar em nós memórias olfactivas que julgamos adequadas naquela situação. Ou uma refeição. Ou até mesmo, sem ser necessário explicar, imagens de cunho erótico. Quando gostamos, "porque sim", sabemos que as respostas, estão todas guardadas, nesse reduto íntimo.
É complicado partilhar estas emoções ao nível que elas se manifestam. Podemos falar delas e neste aspeto, a mente é um mero escrivão que às vezes aldraba um bocado.
Por isso convencer alguém a gostar ou a não gostar de um filme é como olhar para as nuvens e dizer-lhes, que não gostamos da chuva e gostaríamos que parasse de chover.
Tarantino quis fazer o seu Western Spaghetti e com isso a sua homenagem a Leone, a Corbucci e outros. Mas também ao grande cinema americano, exemplificado em Raoul Walsh e no seu esplêndido "Band of angels", filme de 1957, com Clark Gable, que tive a felicidade de ver, graças a uma crítica do Vasco Câmara, do Público.  (Parem de diabolizar os críticos ! Eu, confesso, leio-os, umas vezes concordo, outras não, mas dou-lhes o benefício da dúvida, porque em princípio, têm todo o tempo do mundo para ver filmes, coisa que eu lamento não ter !)
Mas isso não impede, que seja um filme à Tarantino, só podia ser !
E esta é uma obra de Tarantino, com todas as marcas deste realizador. Se não tivesse aquele aparato cénico todo, aquela violência paródica e obscena e aquele humor corrosivo, não seria um filme de Tarantino e é uma treta falar de um Tarantino da fase de Jackie Brown e de um Tarantino dos Sacanas sem lei, em ambos está bem patente um carácter visceralmente louco e possesso por um cinema de imagens fortes .
E porque é que a violência e o grotesco não podem ser PARTE do espectáculo ? Por meras medidas sociais preventivas ? Como se isso, fosse a causa ou resolvesse o problema…
Mas é evidente, que as imagens de grande violência, ferem a sensibilidade de muita gente, que respeitavelmente têm o direito de as ignorar. A mim pessoalmente , desde que devidamente contextualizadas, não me causam nenhuns pruridos, nem fico com mais vontade de adquirir uma shotgun para tratar dos problemas mais bicudos.
Quanto aos estereótipos, eles existem em todos os géneros, até mesmo no cinema dito alternativo ! O que faz a diferença é a forma como eles são usados para contar uma boa história, porque ISTO É APENAS CINEMA…

4 comentários:

  1. A que se refere, quando diz sobre os "Western Spaghetti", "uma forma peculiar de filmar" ?

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  2. Especificidades.
    O Sr. Manuel de Oliveira, usa câmaras fixas e longos planos sequências. Nos westerns spaghettis, há um mix de panorâmicas (de paisagens, sobretudo), close-ups (nos duelos, por exemplo), muitas vezes low angle -shots (filmar de baixo para cima) e angulos oblíquos, que curiosamente o Tarantino não seguiu à letra.
    Era a isso que me referia, mas não sou um expert em fotografia e cinematografia...apenas um leigo com curiosidade...

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  3. Pô Pilar tu ta inventando arretado!

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  4. Vem tudo nos livrinhos.
    Ó cara cê não viu o "Aconteceu no Oeste" do Sergio Leone,não ?!
    Aqueles "extreme close-ups" na cara dos cabras, quando eles estavam justo levando chumbo nos duelos ? quase que via só as pálpebras ou as glandulas lacrimais dos caras... Não viu os "low-angle shots", a câmara filmando debaixo, não ? Então porque citou " que preferia os originais " do Sergio Leone ? O Tarantino nem isso usou, pô !!!

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