Título: Anticristo (original - Antichrist)
Origem: Dinamarca, Alemanha, França, Suécia. Itália, Polónia.
Linguagem: Inglês
Ano: 2009
Duração: 108 minutos
Duração: 108 minutos
Género: Drama, Horror
Argumento e realização: Lars Von Trier
Intérpretes: Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg
SINOPSE
SINOPSE
Ela (Charlotte Gainsbourg) e ele (Willem Dafoe), formam um casal que experimenta o sofrimento, a dor e o desespero pela morte do filho, em circunstâncias trágicas - queda acidental da janela, enquanto os pais faziam sexo. Razões à priori terapêuticas, levam este casal a isolar-se na sua cabana na floresta do Eden, onde ele começa a ter visões bizarras e ela um comportamento sexual agressivo.
Filme composto de um prólogo, um epílogo e três partes: Sofrimento, dor (reina o caos) e desespero (femicídio).
TRAILER
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CRÍTICA
Um filme que pretende ser o 1º acto da trilogia sobre a depressão. O 2º é o Melancolia de 2011 e o 3º vai ser o Ninfomaníaca de 2013.
Faz todo o sentido na mente de um realizador bipolar, com internamento por depressão grave, justamente antes de realizar este filme.
Pode-se argumentar, que um filme é um filme e que deve ser avaliado por si próprio. Não exactamente… É que agora está na moda o bota abaixo de LVT, pela massa crítica pensante, que usa os mesmos argumentos, travestidos é certo, que antes (de Dogville, onde começou o ódio ) serviam para o venerar. Ele é agora um realizador repugnante pela sua misantropia e misogínia . Coitadas das mulheres, que antes de as matar ( curiosa a predileção de LVT pelo pescoço…), as faz cegas, prostitutas e alvo de violação comunitária. Isso que quando deu jeito foi interpretado como um acto de denúncia e amor, é agora profundamente repugnante. O que a hipocrisia tem de mais patético ! E os homens, que os desenha estúpidos, falsos e manipulativos ?!
É culpado também de ser um realizador que distorce o sexo (como se isso fosse possível…) , de copiar os seus congéneres ( o termo" copiar" é apenas ódio instilado, mas como é possível ignorar as nossas próprias referências ? ) e de ter ideias fascistas (uma conferência de imprensa descontextualizada, serviu o propósito…).
Enfim é o típico caso em que vale tudo, para o bota-abaixo...
Mas estamos perante um grande filme ? Não !...
É de certa forma, o produto de uma mente torturada e doente. LVT, nesta sua fase vulnerável, desce às catacumbas da sua herança judaico-cristã, e à sua simbologia e alegorias.
Para perceber minimamente o filme, convém seguir a pista do título, porque nem sempre é assim…
Anticristo. Algo que contraria os planos divinos para o ser humano. E quais são esses planos? A felicidade eterna, no jardim do Éden, reinando sobre a natureza. Quem é o Anticristo ? A própria natureza exterior, que a mulher diaboliza, mas que sente querer fazer parte da sua própria natureza interior (por exemplo, a sua exacerbada libido), facto que foi percebendo durante a preparação da sua tese sobre a caça às bruxas na idade média (a tese chamava-se "Gynocide"). Ela tentou combater este conflito (por exemplo, a desistência da tese e os sapatos ao contrário nos pés do filho). Mas de certa forma, a morte do filho e a culpa que ela assumiu por ocorrer precisamente durante o sexo, levou-a a repensar as coisas. E quando ela se deixa vencer pela tentação, e se sente totalmente identificada com a natureza e o seu fruto proibido, portanto livre do conflito, ela assume que está curada e sente-se agora ameaçada, pelo homem, um ser superior que tutela a natureza e que se mostra resistente a provar o seu fruto. Neste contexto, se entende a subversão da tentação original. "Espera lá, não queres comer a maçã ? então toma lá esta". Daí resultou o esmagamento dos genitais masculinos e a masturbação masculina com a famosa ejaculação de sangue. Por fim, no verdadeiro clímax da culpa, ela executa a amputação do seu próprio clitóris.
Cumprindo-se a profecia, ele mata-a e sai do Éden, encontrando cá fora, as mulheres mártires da Igreja satânica da natureza, que se lhe dirigem.
Muita teologia simbólica e visual, muito misticismo, quase sempre herméticos para o espectador comum. Por exemplo, a alegoria dos "três mendigos", o veado, a raposa e o corvo, que por sua vez representam o sofrimento, a dor e o desespero e que juntos são a verdadeira antecâmara da morte.
Deduz-se da narrativa, é certo, mas o filme está pejado de imagens deste tipo e de uma certa retórica, que tende a distrair o espectador do essencial do filme - o sexo e a culpa.
É um filme sobre o sexo e os novelos da culpa e foi corajoso, mostrando o objecto fílmico tal como ele é, com o sexo explícito a pôr todos os hipócritas a berrar ( a fonte da culpa, percebe-se...).
Deduz-se da narrativa, é certo, mas o filme está pejado de imagens deste tipo e de uma certa retórica, que tende a distrair o espectador do essencial do filme - o sexo e a culpa.
É um filme sobre o sexo e os novelos da culpa e foi corajoso, mostrando o objecto fílmico tal como ele é, com o sexo explícito a pôr todos os hipócritas a berrar ( a fonte da culpa, percebe-se...).
Eu não acho que o LVT seja misógino. Agora, a humanidade, essa sim, não confundamos a perspectiva... a história tem mostrado à saciedade que a infâmia tem vivido connosco há milénios e não foi inventada nem recriada por LVT…
Este filme é no entanto um semi-falhanço, porque se deixa enredar nas contradições da temática, resultando numa narrativa algo confusa e apenas apelativa para quem gosta de misticismo, que não era definitivamente o objectivo último do filme.
Mas LVT não é um realizador qualquer, e não merece ser tratado com tanta sobranceria pelos críticos.
É um realizador sui-géneris, mas com laivos de genialidade, nas obras que assina.
Mesmo neste filme, que pese embora algumas objeções, merece ser visto.
Nota: **
Nota: **
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