Pesquisar

Páginas

segunda-feira, 13 de maio de 2013

☑ DIÁRIO DE UM PÁROCO DE ALDEIA, de Robert Bresson

                                 Primeira página do diário

"Journal d'un curé de campagne"
França (1951).
De Robert Bresson, com Claude Laydu, Jean Riveyre e Adrien Bore.
Adaptado do romance de Georges Bernanos  com o mesmo nome, de 1938. 
Drama.115 minutos.Preto e branco. 
Sinopse: Um jovem padre debilitado é encarrege da sua primeira paróquia e os habitantes não lhe facilitam a vida, apesar da sua grande dedicação.

A apreciação que se segue diz respeito à minha primeira visualização do filme, já que a pontuação tem tendência a subir e a atingir patamares racionalmente aceitáveis lá pela quarta observação, altura em que se estima abarcar uns razoáveis 60% das subtilezas filosóficas e pérolas cinemáticas que encerra, avisam os especialistas. Este filme com 60 e tal anos de estágio na pipa - e isto não deve ser entendido como uma piada ao padre apreciador da terapeutica alcoólica - é um exemplo acabado, de como as grelhas de avaliação de um filme, não devem ser universais. Pelo prisma, com que se avalia por exemplo, um filme como "efeitos secundários", este filme de culto de Bresson seria arrasado, sem dó nem piedade. Porquê ? Porque é lento, depressivo e com uma intriga que dando de barato que existe, só é possivel reconstituir como sobrenadante da dinâmica psicológica das personagens, já que Bresson é sobretudo um exímio retratista de carácteres, não lhe interessando o "como" mas sim o "porquê" das situações que vai desfiando na tela, sem excessiva representação, daí preferir actores e actrizes semi-profissionais ou amadores, que espelhem perfis mais naturais ou espontâneos.
É um filme com um "mood" monótono e depressivo, sobre a solidão, a doença e a incompreensão que aqui e ali manifesta propriedades suporíferas indiscutíveis e consciente deste facto, há até uma crítica na web, em tons laudatórios, mas realmente preocupada com a indução do sono nos cinéfilos impreparados, que tem uma receita para evitar o efeito hipnótico, aconselhando a fixarmo-nos nos sons e no que acontece fora do plano e outras extravagâncias que fazem zero de sentido para o espectador comum de cinema.
Releva-se pela positiva a perspicácia deste estudo humano de uma comunidade provinciana da França da primeira metade do século 20, ainda que apenas vista pelos olhos sofredores e pela escrita sensível do padre, sendo interessante questionar a ausência do ponto de vista dos paroquianos, que decerto teriam muito a dizer.
A cinematografia de Bresson é um tratado de perfeccionismo, com a sua obsessão pelos ínfimos pormenores enquanto que o soft-focus confere o toque impressionista que percorre as belas imagens a preto e branco,

1 comentário:

  1. Ha uma tentativa seria para ver e gostar do filme por parte do pilar.Munido de informações e criticas avança com coragem para a seca que o obriga a recorrer a todos os truque para não adormecer.Telo-a conseguido?Não sabemos e pela descrição muito menos.
    Deve avançar para A Sorte de Baltazar e O Ladrão de Carteiras mas sinceramente aconselhava um salto direto a Quatro noites de um sonhador.Um dos últimos.Boa sorte.Bresson é foda!

    ResponderEliminar