No princípio era o cinema, depois Deus criou a televisão.
No principio, não havia sexo, só imaginação. A imaginação, também não ia muito longe nesse princípio. Depois começou a levar e a guiar a mão para o pecado "solitário".
Quase não havia sangue, só tiros e murros, exceto nos filmes de romanos, mas esses eram mesmo assim.
Víamos filmes aos fins-de-semana, muitos deles em capítulos.
Aproveitávamos para trocar revistas de banda desenhada à porta. Sim, havia a fotografia e desenhos com sexo mais ou menos explícito.
Os filmes, então estavam divididos, quanto ao acesso, em fitas para maiores de 6,14,18 e para todos. Em que se baseava esta divisão? Grau de dificuldade? Não, errado !
Pura e simplesmente, na quantidade de corpo feminino visível ou carícias trocadas entre homens e mulheres. Repito e sublinho: entre homens e mulheres. Só existia esse tipo de cambio sexual. Claro que havia homens que gostavam de homens, mas isso estava fora do cinema e do quotidiano. Entre mulheres, só muito mais tarde é que foi inventado.
Pensando bem havia mais coisas que não existiam, como por exemplo, pretos a fazer de "artistas" principais ou pretas divas. Também não me lembro de ver índios a comprar coisas ou a casar. Enfim, eles estavam mais destinados a morrer nos filmes e isso faziam-no muito bem.
Crescemos e já às vezes, iludíamos a censura, entrando para ver seios desnudos que eram muito grandes e bonitos. Já por vezes, conseguíamos tocar e empernar com a vizinha do lado, pois muitas sessões eram contínuas e sem lugar marcado. Vizinha disse bem. Claro, que havia uns "esquisitos" que também tentavam empernar connosco, mas a gente (nem toda) fugia para outro lugar.
Os filmes, também cresceram e agora, por vezes, tinham três horas seguidas e muitas mulheres com saias curtas. Sempre os romanos.
Havia agora uma espécie de filmes que não nos interessava e que também eram proibidos. Os pais (alguns) falavam disso e de um modo geral concordavam que o fossem. Eram muito chatos. Curioso, até aí os filmes não eram nunca chatos e gostávamos de todos, uns mais, outros menos. Era melhor que ver na televisão em que só davam muito tarde ou filmes velhos. A televisão, era para outras coisas. Músicas e séries e depois futebol, embora raramente.
Acho que continuo a preferir os filmes sem sangue e sexo às escancaras, agora que sei que morrer é muito poucas vezes glorioso e o sexo uma coisa que só interessa quando é a sério e a quem o faz. Deve ser da idade e de já não ter revistas para trocar à porta do cinema. Aliás, o cinema já não tem porta.
Tenho mais imaginação, acho eu...
CHINA - UM TOQUE DE PECADO, de Jia Zhang-Ke (2013)
Acordei com o filme ás voltas na cabeça.
Um filme, em que a violência é uma constante sobre os personagens, como uma lei de Arquimedes e causa uma reação como tal.
Personagens que vagueiam, sem laços que os prendam a uma estrutura e que não resistem e explodem. Aqui, a violência tem uma função. Mesmo assim, poderia, creio eu, ser evitada na sua forma tão obscena. Creio que essa é uma das fragilidades do filme, que não obstante é um excelente filme.
CHINA - UM TOQUE DE PECADO, de Jia Zhang-Ke (2013)
Acordei com o filme ás voltas na cabeça.
Um filme, em que a violência é uma constante sobre os personagens, como uma lei de Arquimedes e causa uma reação como tal.
Personagens que vagueiam, sem laços que os prendam a uma estrutura e que não resistem e explodem. Aqui, a violência tem uma função. Mesmo assim, poderia, creio eu, ser evitada na sua forma tão obscena. Creio que essa é uma das fragilidades do filme, que não obstante é um excelente filme.
Em relação ao filme citado, importa dar-lhe o destaque que merece. Veja-se:
ResponderEliminarCahiers du Cinema, top ten de 2013
1. "Stranger By the Lake" (O desconhecido do lago), Alain Guiraudie
2. "Spring Breakers," (Viagem de finalistas) Harmony Korine
3. "Blue is the Warmest Color" (A vida de Adèle),Abdellatif Kechiche
4. "Gravity," Alfonso Cuaron
5. "A Touch of Sin," Jia Zhang Ke
6. "Lincoln," Steven Spielberg
7. "La Jalousie," Philippe Garrel
8. "Nobody's Daughter Haewon," Hong Sang-soo
9. "You and the Night," Yann Gonzalez
10. "La Bataille de Solferino," Justine Triet
Sight & Sound's Best Films of 2013
1. The Act of Killing, Joshua Oppenheimer
2. Gravity, Alfonso Cuaron
3. Blue Is the Warmest Color ( A vida de Adèle), Abdelatif Kechiche
4. The Great Beauty, Paolo Sorrentino
5. Frances Ha, Noah Bombach
6 . A Touch of Sin, Jia Zhang-Ke
7. Upstream Color, Shane Carruth
8. The Selfish Giant, Clio Barnard
9 . Norte, The End of History, lav Diaz
10. Stranger by the Lake (O desconhecido do lago)
No entanto, há aqui alguns filmes que são muito discutíveis e outras ausências imperdoáveis. Mas isso são contas de outro rosário...