Da BD ao Cinema
"Ghost World - Mundo fantasma" - Título em Portugal.
"Mundo cão" - & "Ghost World - Aprendendo a viver" - Títulos no Brasil.
Origem: EUA, UK, Alemanha. Ano: 2001.
Linguagem: Inglês.
De: Terry Zwigoff (Realização e argumento com Daniel Clowes - Baseado na BD "Ghost World" de Daniel Clowes).
Com: Thora Birch, Scarlett Johansson e Steve Buscemi, Ileana Douglas, Bob Balaban, Teri Garr e Brad Renfro.
Cinematografia: Affonso Beato.
Música: David Kitay.
Género: Comédia & Drama ("Dramedie"). "Coming-of-age" drama.
Género: Comédia & Drama ("Dramedie"). "Coming-of-age" drama.
Sinopse
Esta é a história de duas amigas íntimas, Enid e Rebecca, vivendo nos subúrbios de LA e enfrentando os desafios do fim da adolescência e da transição para a vida adulta. Acabado o Liceu, decidem deixar de lado a carreira universitária em prol de empregos pouco ambiciosos e mal pagos. Nesta e muitas outras posições que assumem conjuntamente como siamesas, manifestam a sua radical diferença em relação às suas colegas e demais membros da comunidade. Enid (Thora Birch) é sensível, inteligente e cínica, cansada de viver em casa com o seu desafectuoso pai (Bob Balaban) e a sua irritante namorada (Teri Garr). A sua amiga, Rebecca (Scarlett Johansson), é muito bonita e mais prática e optimista e não lhe conhecemos os familiares. Vivendo num meio rígido e medíocre, que não reconhece a criatividade e a diferença, elas de certa forma, sentem-se invisíveis e auto excluem-se da vida social e vivem no seu "mundo fantasma", do qual só saem para desafiar as normas vigentes e brincar com o "status quo" estabelecido. Assim foi o caso, quando conheceram Seymour (Steve Buscemi), um geeky cinquentão, amante de Jazz e de Blues e colecionador de vinil e de outras velharias. Enid descobre nesta estranha figura de homem isolado e frustrado, com quem partilha o desassombrado desgosto pelo mundo, um interlocutor privilegiado e alguém a quem poderia ajudar, mal sabendo que nesse processo de conhecimento mútuo, também ela poderia ser ajudada...
Esta é a história de duas amigas íntimas, Enid e Rebecca, vivendo nos subúrbios de LA e enfrentando os desafios do fim da adolescência e da transição para a vida adulta. Acabado o Liceu, decidem deixar de lado a carreira universitária em prol de empregos pouco ambiciosos e mal pagos. Nesta e muitas outras posições que assumem conjuntamente como siamesas, manifestam a sua radical diferença em relação às suas colegas e demais membros da comunidade. Enid (Thora Birch) é sensível, inteligente e cínica, cansada de viver em casa com o seu desafectuoso pai (Bob Balaban) e a sua irritante namorada (Teri Garr). A sua amiga, Rebecca (Scarlett Johansson), é muito bonita e mais prática e optimista e não lhe conhecemos os familiares. Vivendo num meio rígido e medíocre, que não reconhece a criatividade e a diferença, elas de certa forma, sentem-se invisíveis e auto excluem-se da vida social e vivem no seu "mundo fantasma", do qual só saem para desafiar as normas vigentes e brincar com o "status quo" estabelecido. Assim foi o caso, quando conheceram Seymour (Steve Buscemi), um geeky cinquentão, amante de Jazz e de Blues e colecionador de vinil e de outras velharias. Enid descobre nesta estranha figura de homem isolado e frustrado, com quem partilha o desassombrado desgosto pelo mundo, um interlocutor privilegiado e alguém a quem poderia ajudar, mal sabendo que nesse processo de conhecimento mútuo, também ela poderia ser ajudada...
Ora aqui está um filme que poderá enganar os menos avisados. Filme de adolescentes, com adolescentes e em regra para adolescentes, é geralmente sinónimo de um saco bem cheio de lugares comuns, apimentados com as inevitáveis graçolas burrificantes sobre sexo, repetidas ou recauchutadas "ad náusea". Acontece que este filme é um verdadeiro oásis nesse deserto de ideias, que tem servido de paisagem visual quase única e imutável nas últimas décadas.
O realizador Terry Zwigoff, já tinha dado sinal que a sua postura no cinema não se coadunava com abordagens simplistas e monolíticas, quando em 1994, surpreendeu com o documentário "Crumb", um retrato intimista da vida e obra do polémico cartoonista R. Crumb. E é exatamente inspirado em figuras como Crumb e nas complexas personagens que vivem nos quadradinhos desta BD alternativa, que Zwigoff nos proporciona uma visão refrescante e profunda dos problemas da transição da adolescência para a vida adulta. Baseado num "comic" de Daniel Clowes, outro nome importante da BD não "mainstream", que colabora também na adaptação, "Ghost World" vem igualmente provar que o mundo dos "comics", vai muito para além dos estafados "clichés", veiculados pelas ações de heróis justos e invencíveis, adornadas com doses superlativas de efeitos especiais.
A BD de Daniel Clowes, faz eco de um mundo multidimensional, habitado por personagens comuns a braços com problemas bem reais. Zwigoff e Clowes, não se limitaram em plasmar na tela, o "script" da BD original, priviligiando uma nova linha narrativa recentrada na relação entre Enid e Seymour. E o que resulta é um retrato intimista e sensível dos problemas do crescimento e amadurecimento, na fronteira entre a adolescência e a idade adulta e sobretudo no contraponto entre os diversos níveis de consciência com que são encaradas estas duas fases da vida humana.
Um dos méritos do filme assenta na recusa do enunciado abstracto e generalista dos problemas dos jovens, das suas expectativas e do peso das primeiras decisões, ignorando a dimensão pessoal e a diferença. Este filme expõe com realismo a tensão entre interioridade e alteridade e exprime com desassombro a oposição muitas vezes assumida como justaposição, entre a diferença e a alienação.
O milagre de um filme como "Ghost world - mundo fantasma" , consiste em tornar visivel o invisivel e tocável o que parece inacessivel ao tacto, de mundos em que a diferença e a solidão são os únicos salvos condutos entre as suas personagens, sejam elas "geeks" cinquentões em vias de desintegração existencial ou "nerds" encostados à parede das decisões.
O realizador Terry Zwigoff, já tinha dado sinal que a sua postura no cinema não se coadunava com abordagens simplistas e monolíticas, quando em 1994, surpreendeu com o documentário "Crumb", um retrato intimista da vida e obra do polémico cartoonista R. Crumb. E é exatamente inspirado em figuras como Crumb e nas complexas personagens que vivem nos quadradinhos desta BD alternativa, que Zwigoff nos proporciona uma visão refrescante e profunda dos problemas da transição da adolescência para a vida adulta. Baseado num "comic" de Daniel Clowes, outro nome importante da BD não "mainstream", que colabora também na adaptação, "Ghost World" vem igualmente provar que o mundo dos "comics", vai muito para além dos estafados "clichés", veiculados pelas ações de heróis justos e invencíveis, adornadas com doses superlativas de efeitos especiais.
A BD de Daniel Clowes, faz eco de um mundo multidimensional, habitado por personagens comuns a braços com problemas bem reais. Zwigoff e Clowes, não se limitaram em plasmar na tela, o "script" da BD original, priviligiando uma nova linha narrativa recentrada na relação entre Enid e Seymour. E o que resulta é um retrato intimista e sensível dos problemas do crescimento e amadurecimento, na fronteira entre a adolescência e a idade adulta e sobretudo no contraponto entre os diversos níveis de consciência com que são encaradas estas duas fases da vida humana.
Um dos méritos do filme assenta na recusa do enunciado abstracto e generalista dos problemas dos jovens, das suas expectativas e do peso das primeiras decisões, ignorando a dimensão pessoal e a diferença. Este filme expõe com realismo a tensão entre interioridade e alteridade e exprime com desassombro a oposição muitas vezes assumida como justaposição, entre a diferença e a alienação.
O milagre de um filme como "Ghost world - mundo fantasma" , consiste em tornar visivel o invisivel e tocável o que parece inacessivel ao tacto, de mundos em que a diferença e a solidão são os únicos salvos condutos entre as suas personagens, sejam elas "geeks" cinquentões em vias de desintegração existencial ou "nerds" encostados à parede das decisões.
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